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A Voz do Pastor › 13/03/2020

“Convertam-se ao Evangelho” (Mc 8,35)

Caríssimos irmãos e irmãs:

A Quaresma é um tempo forte no ritmo anual da liturgia e na vida das comunidades cristãs e dos fiéis. Antigamente o tempo da quaresma era vivenciado pela austeridade penitencial, à base de rigorosos jejuns e práticas piedosas. Eram tempos difíceis.

Porém, a finalidade primeira da quaresma é a renovação da opção batismal. Na quaresma, o fiel, mediante tudo aquilo que recebe, é convidado a reavaliar a sua escolha fundamental por Deus, ou seja, ele deve perceber a grande necessidade de “ressuscitar” a sua vida em Cristo, para uma vida nova em Deus. Porém, o caminho para alcançar esta meta é a conversão do coração, da mente e da conduta, mediante a escuta da Palavra de Deus, do serviço ao irmão, da penitência corporal, da partilha dos bens, da oração e da fidelidade radical no seguimento do Senhor, a exemplo do Filho de Deus nos quarenta dias e quarenta noites no deserto.

Devemos entender que a quaresma vai além do tempo litúrgico que nos prepara para a Páscoa. Ela é, sobretudo, uma atitude permanente de vida cristã. É todo um estilo e modo cristão de viver no mundo atual, refletido nas atitudes básicas do discípulo de Jesus que brotam do Sermão da Montanha (cf. Mt 5, 1-12 ).

Outro aspecto da quaresma, que podemos apreender neste ano, é a dimensão batismal. Pois, “inserindo-nos em seu mistério pascal através do batismo, Cristo transforma-nos radicalmente, isto é, nos converte, nos reconcilia com o Pai e entre nós. Neste sacramento, o velho homem é crucificado com ele, para que fosse destruído o corpo do pecado e para que, ressuscitados com ele, de agora em diante vivêssemos para Deus. Por isso, a Igreja professa a sua fé em um só batismo para o perdão dos pecados”[1].

A quaresma é, ainda, o tempo favorável para a redescoberta e aprofundamento do autêntico discípulo de Cristo. Não se conhece Jesus estando do “lado de fora”, mas através da partilha de vida: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga” (Mc 8,34). A conversão cristã, a reviravolta interior, a inversão de caminho, a mudança de conduta, não é simplesmente uma conversão moral, embora seja exigida, mas é conversão para Deus, como se revelam as escolhas messiânicas do Cristo (cf. Mt 4,1-11).

Assim, no plano da vida, exige-se aquela mudança íntima e radical pela qual cada um de nós começa a pensar, julgar e reordenar a sua vida, movido pela santidade e bondade de Deus. Consequentemente, o cristão, vive continuamente o processo de conversão, que tem como princípio o Espírito de Cristo recebido no batismo. A quaresma torna-se então escola vital de purificação e iluminação, pois vivem-se as palavras de Jesus: “Convertam-se ao evangelho” (Mc 8,35).

Para refletir: quais serão as consequências práticas da quaresma em sua vida?

Diante de Deus, o que você propõe assumir em vista do processo permanente da sua conversão?

O que Deus, a Igreja, a sua família e os seus amigos ganharão com tudo isso?

Uma santa e feliz quaresma!

Mons. Ronaldo Francisco Aguarelli
Pároco

[1] Augusto Bergamini, Cristo, Festa da Igreja. Paulinas, 1994, p. 277

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