Corpus Christi

“Eu adoro o Senhor, meu Deus, porque ele é o Deus Vivo”

(Dn 14,25)

Caríssimos irmãos e irmãs:

Uma das mais importantes solenidades litúrgicas relacionadas diretamente à eucaristia é a Solenidade de Corpus Christi. Nela celebra-se a festa do Corpo e Sangue de Cristo, expressão pública de fé em relação à instituição realizada por Jesus na última Ceia quando disse: «Tomem e comam, isto é o meu corpo»… «Bebam dele todos,  isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados“ . Na verdade tal fato aconteceu na Quinta-feira Santa, porém, a lembrança da paixão de Cristo não permite uma alegria festiva. Por isso, uma festa especial do Santíssimo Sacramento nos permite celebrar a instituição da eucaristia com solenidade e alegria. Assim, escolheu-se para essa celebração a quinta-feira que se segue a conclusão do ciclo pascal.

Em 1264 o Papa Urbano Iv ordenou o grande doutor da Igreja são Tomás de Aquino a compor liturgicamente a festa eucarística de Corpus Christi. Logo na antífona de entrada o santo apresenta-nos este belíssimo verso: “a Eucaristia é a flor do trigo, o alimento da vida sobrenatural! É o mel, a doçura espiritual que sai da rocha, que é Cristo”. E ainda nas orações da mesma missa ele apresenta: “O Cristo deixou na Eucaristia, o memorial da sua Paixão, isto é, o Sacrifício da Missa. A Eucaristia é a continuação do Sacrifício na Cruz um memorial da ação e não somente do pensamento”. E continua: “Devemos venerar os mistérios do Corpo e do Sangue do Cristo de tal modo, que possamos receber os frutos da redenção”. Venerar não quer dizer somente o culto de adoração, mas antes de tudo, a reta disposição e a participação ativa e consciente à celebração da Santa Missa.

Mas afinal o que é que celebramos propriamente dito com a solenidade do Corpo e Sangue do Senhor? A própria celebração da missa nos responde: “Louva, Sião, ao Salvador, louva ao Príncipe e ao Pastor”. Honramos, portanto o Cristo, o Rei, o Mestre, o Pastor que nos alimenta com a sua palavra e o seu próprio Corpo e Sangue. É por isso mesmo que o louvamos, porque nos lembramos de que nos deu seu Corpo e Sangue para sustentar toda a nossa existência. Este é o motivo principal e o sentido da festa. Assim relata o discípulo amado expressando o grande gesto de Deus Pai em Jesus: “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas ele nos amou e enviou o seu Filho para expiar nossos pecados”.

O Catecismo da Igreja Católica diz que a eucaristia “é o coração e o ápice da Igreja” e que são vários os frutos da comunhão eucarística, por exemplo: aumenta a nossa união com Cristo e com a Igreja, separa-nos das tentações e dos pecados, fomenta a unidade do corpo místico de Cristo que é a Igreja, compromete-nos com os pobres, estimula-nos para a unidade dos cristãos, etc.

Agora deixemo-nos novamente nas mãos, no coração e na mente do grande doutor da Igreja, são Tomás de Aquino e enriqueçamos o entendimento e a fé na presença real do Senhor no Sacramento do Amor: “Pode haver algo mais precioso do que este banquete divino? Nele nos apresentam o próprio Cristo, o Deus vivo e verdadeiro. Que pode haver de mais admirável do que este sacramento? Nele são transformados o pão e o vinho no Corpo e Sangue do Cristo. Portanto, o Cristo Deus e Homem está contido todo inteiro sob as espécies do pão e do vinho. Nenhum sacramento é mais salutar do que a eucaristia. Nele saboreamos a espiritual doçura como na própria fonte e celebramos o memorial do excesso de amor que o Cristo mostrou em sua paixão. E voltando ao seu Pai, deixou-nos este máximo dos milagres como lembrança da sua paixão e ressurreição”.

[1] Mt 26,26-28

[2] 1 Jo 4,10

Assim com toda a Igreja louvemos a Deus por mistério tão excelso como fez são Francisco de Assis: “Nós vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, aqui e em todas as vossas igrejas que estão no mundo inteiro e vos bendizemos porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo”.

Queridos irmãos e irmãs, que a presença do Senhor na Santa Comunhão faça de todos nós abençoados de Deus.

Um forte abraço.

Mons. Ronaldo Francisco Aguarelli

Pároco