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A Voz do Pastor › 27/03/2018

Da Quaresma à Semana Santa

Caríssimos irmãos e irmãs:

Na edição anterior refletimos sobre a simbologia dos quarenta dias da quaresma. Nesta edição gostaria de continuar a reflexão sobre o mesmo tempo litúrgico, porém a partir de outra perspectiva, ou seja, do caminho que devemos percorrer da quaresma à semana santa.

A maior e a principal finalidade da quaresma é preparar todos os cristãos para a Páscoa de Jesus, nossa verdadeira páscoa. Ela é fortemente marcada pelo caminho de fé e conversão para Cristo, que se fez servo obediente ao Pai até a morte de cruz. Por isso, a quaresma deve ser entendia e vivenciada como tempo de graça, favorável à salvação e ao mesmo tempo para a redescoberta da verdadeira vocação a qual somos chamados desde o batismo a ser: discípulos e missionários do Senhor. Assim, não se pode conhecê-lo ficando do lado de fora, por isso é necessário comprometer-se com Ele no cotidiano da vida.

Comprometer-se significa escutar o que o Senhor diz: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mc 8,34).  Isso exige: conversão. A conversão cristã, do grego metanóia, não é apenas uma conversão moral, mas é antes de tudo conversão para Deus. É aquela profunda reviravolta interior que implica em mudança de conduta como expressão da mudança do coração. Assim feito, o crente começa a pensar, a sentir, a julgar e a reordenar a sua vida movida pela santidade e pela lógica de Deus.

A quaresma torna-se então, escola vital de purificação e iluminação, pois através dela deve-se viver às palavras de Jesus: “Convertam-se e acreditem no evangelho” (Mc 1,15). Por isso, ela é caracterizada por uma atenta e prolongada escuta da palavra de Deus, pois é esta palavra que ilumina o conhecimento dos próprios pecados, chama à conversão e infunde confiança na misericórdia de Deus.

A quaresma é fazer a experiência de subir com Cristo à Jerusalém, afim de partilhar com Ele o seu mistério pascal. “Se morremos com Cristo, cremos também que viveremos com ele” (Rm 6,8). Caminhar para Jerusalém não significa para Jesus apenas uma peregrinação à cidade santa, mas para realização plena da vontade do Pai. Pois, é em Jerusalém, acontece o encontro decisivo entre Jesus e as forças da morte, totalmente incapazes de abrirem-se à luz do evangelho.

Assim para todos os cristãos a quaresma não deverá reduzir-se a momentos celebrativos, mas ela deverá ir além, tornando-se um momento propício de conscientização de que somos peregrinos com Cristo em direção a Jerusalém, isto é, de que somos chamados a participar plenamente da sua morte e da sua ressurreição. Assim transpassando as celebrações e os exercícios quaresmais, tomando consciência da missão e vocação a que somos convocados, ainda é necessário identificar-se com Ele, tornando o nosso interior semelhante ao Dele. Uma vez identificados a Ele deveremos agir como Ele, principalmente diante dos aflitos de Deus que sofrem e choram nas mais variadas adversidades da vida e circunstâncias.

Animados pela força do Espírito Santo de Deus, confiante no Deus da vida subamos com coragem a Jerusalém seguindo fielmente os passos de Jesus, o divino salvador, certos de que alcançaremos à verdadeira felicidade.

Um forte abraço e uma excelente quaresma.

 

Mons. Ronaldo Francisco Aguarelli – Pároco

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