Esperamos o Espírito da Verdade

Caríssimos irmãos e irmãs:

Durante o mês de maio, tradicionalmente o mês de Maria, estaremos celebrando vários acontecimentos importantes no calendário litúrgico da Igreja. Dentre todas as festas e solenidades queremos destacar a Solenidade de Pentecostes.

A origem da festa de Pentecostes vem de antigas tradições judaicas, antes de tudo era uma festa de agricultores, pois estava relacionada a colheitas de produtos agrícolas e somente depois se transformou em festa religiosa. Ela é conhecida também como festa das Semanas ou das Colheitas conforme encontramos no livro sagrado: “Sete semanas depois de começarem a colher os cereais, comemorem a Festa da Colheita, em honra do Senhor, nosso Deus. Ofereçam a ele o que quiserem, de acordo com as bênçãos que Deus tiver dado a vocês.” (Dt 16, 9-11). No Antigo Testamento o aspecto religioso da festa é visto como a Aliança realizada por Deus com o povo aos pés do monte Sinai através de Moisés. “Vocês viram com os seus próprios olhos o que eu, o Senhor, fiz com os egípcios e como trouxe vocês perto de mim como se fosse sobre as asas de uma águia. Agora, se me obedecerem e cumprirem a minha aliança vocês serão o meu povo… Então todos responderão ao mesmo tempo: Nós faremos tudo o que o Senhor nos ordenar”. (Ex 19, 4-5.9) e depois o Senhor Deus apresentou a Moisés os Dez Mandamentos. Portanto para o povo da Antiga Aliança celebrar pentecostes era recordar e celebrar a Aliança do Sinai, o dia que o Altíssimo Deus deu a Moisés as Tábuas da Lei.

Porém para nós cristãos, a festa de Pentecostes se reveste de um novo significado pois recorda e atualiza a vinda do Espírito Santo sobre a comunidade de Jesus. Pentecostes antes de tudo é promessa de Jesus: “Se vocês me amam, obedeçam os meus mandamentos. Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Auxiliador, o Espírito da verdade, para ficar com vocês para sempre… Mas o Auxiliador, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará com que lembrem tudo o que eu disse a vocês” (Jo 14,15-16.26)

Mas a promessa se torna realidade depois da páscoa do Senhor: “Quando chegou o dia de Pentecostes, todos os seguidores de Jesus estavam reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho que parecia o de um vento soprando muito forte e esse barulho encheu toda a casa onde estavam sentados. Então todos viram umas coisas parecidas como chamas, que se espalharam como línguas de fogo; e cada pessoa foi tocada por uma dessas línguas. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, de acordo com o poder que o Espírito dava a cada pessoa”. (At 2,1-4).

Nós queremos ser tocados por uma dessas línguas e ao mesmo tempo queremos ser plenificados e conduzidos pelo mesmo Espírito que agiu em Jesus e age na Igreja. Se deixarmos o Espírito Santo conduzir as nossas vidas, certamente perceberemos mudanças maravilhosas em nós e entre nós, como testifica o Apóstolo Paulo no relato aos cristãos de Roma (Rm 8,5-27): o desejo de aspirar as “coisas do espírito”, pois estas coisas nos levam à vida e à paz; a purificação do nosso ser, mesmo se o nosso corpo estiver ferido de morte por causa do pecado, vosso espírito estará cheio de vida, graças à justiça; a certeza da ressurreição, então aquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais por meio do Espírito Santo que mora em vós; certeza da filiação divina, pois seremos de fato e de direito filhos e filhas de Deus; a intimidade com Senhor, pois chamaremos Deus de “Abá, que quer dizer paizinho”; a proximidade, o próprio Espírito de unirá ao nosso espírito; receberemos a herança do Reino e seremos herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; a superação das dificuldades, sofreremos como Cristo, para sermos glorificados com ele; a certeza da salvação, pois já somos salvos, mas na esperança e aguardando mediante a perseverança; a consolação nos momentos de aflição, seremos visitados pelo Espírito em vem em socorro da nossa fraqueza e a sabedoria no pedir, pois nós não sabemos o que pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis. E aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito.

Queridos irmãos e irmãs, neste pentecostes, renovemos os compromissos realizados no dia da nossa Confirmação, no dia em que os nossos padrinhos de crisma dizendo o nosso nome nos apresentou ao bispo o qual ungindo a nossa fronte com o óleo do crisma disse: “Receba por este sinal o Espírito Santo de Deus”.

Um forte abraço a todos e que a promessa do Senhor Jesus se torne realidade em nossas vidas.

Pe. Ronaldo Francisco Aguarelli
Pároco