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A Voz do Pastor › 14/12/2017

Nasceu da Virgem Maria

Caros irmãos e irmãs:

Agradeçamos a Deus, pois o seu Filho unigênito nasceu do seio virginal da santa Maria. Esta é uma das afirmações do Credo Apostólico. Sim, Jesus o Redentor, nasceu da Virgem Maria. Aqui começa o natal, aqui a salvação oferecida pelo Altíssimo encontra “saída” diante dos meandros da história. Assim, alegremo-nos todos no Senhor: nasceu o Salvador do mundo, desceu do céu a verdadeira paz!

Sabemos que a centralidade do natal é o Menino Jesus. Porém, neste natal, gostaria de refletir sobre o papel de Maria na história do nascimento do Filho de Deus. Quem é Maria, a mãe do Senhor? “Quem é esta que avança qual aurora, formosa como a lua, resplandecente como o sol, terrível como esquadrão formado?”¹

Os santos padres, isto é, os estudiosos das Sagradas Escrituras apresentam várias imagens bíblicas aplicadas à Maria. Ela é o paraíso terrestre, a árvore da vida, a arca de Noé, a pomba que Noé soltou após o dilúvio, o arco-íris, a escada de Jacó, a sarça ardente, o vaso de ouro, a arca da aliança, o ramo florido de Aarão, o ramo florido de Jessé, a estrela da manhã, a terra fecunda, o velo de Gedeão, a casa de ouro, a cidade de Deus, a nuvem fecunda, o cipreste do monte Sião.

Os mesmo padres apresentam diversas figuras de Maria na bíblia: Eva, enquanto a mãe de todos os viventes; Débora, enquanto mãe de Israel; Resfa, filha de Aia; Noemi, Judite, orgulho de Jerusalém e a glória de Israel; Ester, a grande intercessora; Ana, a esposa de Elcana e a mãe dos macabeus.

Ainda a Santa Igreja venera Maria enquanto a nova Filha de Sião, quem em seu seio leva o Senhor; a nova Arca da Aliança, que levando em seu seio o Verbo, leva a salvação e a alegria à casa de Israel e a toda humanidade; a nova criatura, formada pelo Espírito Santo, que, fecundada pelo orvalho celeste, deu o fruto da salvação; a mãe do Senhor, reconhecida por Isabel com suas palavras proféticas e inspirada pela força do alto e mulher santa, que, instruída pela palavra do anjo, se apressa a cumprir sua missão e proclama a grandeza de Deus com o seu cântico de louvor (cf. Lc 1,39-56). Finalmente ela, para cuja humildade Deus olhou é aclamada bem aventurada para sempre.

“É pela fé que Maria, no primeiro instante de sua conceição, por uma graça especial de Deus, foi preservada de toda mancha de pecado original”² . E ainda encontramos nas primeiras páginas da bíblia: “O Senhor Deus disse a serpente: porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a dela”³ . E como esquecer a saudação angélica do Arcanjo Gabriel: “Ave, ó cheia de graça, o Senhor é contigo”4 .

Já o Concílio Ecumênico realizado em Éfeso, em 431, definiu como dogma de fé que Maria é Mãe de Deus. A fé nos ensina que em Cristo há duas naturezas, a divina e a humana, subsistentes numa só pessoa, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Ora, visto que quem gera, gera uma pessoa concreta e não uma natureza abstrata, Maria, gerando a natureza humana de Cristo, gerou também a personalidade divina que lhe estava unidade; podendo, portanto, dizer-se realmente Mãe de Deus. Tal maternidade é anunciada pelo profeta Isaías: “O Senhor mesmo dar-vos- á um sinal: eis a virgem que concebe e dá a luz um filho, que se chamará Emanuel” 5 . Pois, para Deus tudo é possível.

E diante do plano divino ouviu-se uma resposta de fé: “Eis a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra”6 . É precisamente desta palavra de fé que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” 7 . Eis aqui a solenidade do Natal de Jesus. É obra operosa do Pai, é obra salvadora do Filho, é obra santificadora do Espírito, mas ao mesmo tempo é resposta fervorosa e generosa da virgem santa Maria. Assim, com Isabel também louvemos o santo natal de Jesus, dia do encontro entre o céu e a terra, do divino com o humano e proclamemos “Feliz aquela que acreditou, pois, o que foi dito da parte do Senhor foi cumprido!”8

1 Cant 6,10
2 Inefabilis Deus de Pio XI
3 Gn 3,14-15
4 Lc 1,26-28
5 Is 7,14
6 Lc 1,38
7 Jo 1,14
8 Lc 1,45


“E que mais hei de dizer, ó Maria? Por vós, o Filho unigênito de Deus iluminou aqueles que jaziam nas trevas e na sombra da morte; por vós os profetas anunciaram as coisas futuras; por vós, os apóstolos pregaram aos povos a salvação; por vós os mortos são ressuscitados […] Vede com tudo exulta de alegria; queira Deus que todos nós reverenciemos e adoremos a Unidade, que em santo temor veneremos a indivisível Trindade, ao celebrarmos os louvores da sempre Virgem Maria, templo santo de Deus, que é seu Filho e Esposo imaculado”. 9

Um santo e abençoado natal para todos.

Mons. Ronaldo Francisco Aguarelli

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