Praça da Catedral, s/nº - Centro - CEP: 13400-150 - Piracicaba-SP

(19) 3422-8489
A Voz do Pastor › 11/07/2016

O Sangue de Cristo

“Um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água”. (Jo 19,34)

sangueCaríssimos irmãos e irmãs:

A Igreja dedica o mês de julho à devoção do preciosíssimo Sangue de Cristo, derramado pelo perdão dos nossos pecados. Depois de meditar longamente sobre o Coração misericordioso de Jesus, no mês de junho, a mãe Igreja deseja que veneremos profundamente o preciosíssimo Sangue do Senhor.

No Antigo Testamento o Senhor realiza uma aliança com Israel mediante um rito sangrento. Moisés depois de apresentar as santas Palavras ao povo ergueu um altar com doze colunas, conforme as tribos de Israel, e ofereceu sacrifícios em honra ao Altíssimo, em seguida tomou a metade do sangue e o pôs em vasilhas e a outra metade derramou sobre o altar e tomando o livro da Aliança, leu-o ao povo, o qual exclamou: “Faremos tudo o que o Senhor disse e obedeceremos”. Finalmente Moisés tomou o sangue e aspergiu sobre o povo e disse: “Eis o sangue da alinça que o Senhor fez conosco, conforme tudo o que foi dito”. (cf Ex 24,3-8).

No Novo Testamento o próprio Jesus é imolado para salvação de todos. Não fostes resgatados a preço de coisas corruptíveis, como prata e ouro, mas pelo sangue precioso de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mácula. (cf 1Pd 1,18-20). Judas depois de trair o Senhor voltou ao sumo sacredote e disse: “Pequei, traindo o sangue inocente”. (Mt 27,3-4). Cristo, na última ceia apresentou o cálice eucarístico como o sangue da Nova Aliança derramado a favor de muitos em remissão dos pecados dizendo: “Bebei todos dele; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança”. (Mt 26,27-28). Ainda, no alto da cruz, depois de ter expirado um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água.

A devoção ao preciosíssimo Sangue de Jesus sempre esteve presente na Igreja desde o início e sempre aumentou através de solenidades, orações, escritos dos papas, e  uma  ladainha para  pedir a Deus perdão dos pecados e afastar de nós os males do corpo e da alma. Um dos grandes propagadores do culto ao Sangue de Cristo foi são Gaspar del Bufalo (1786-1837), padre, nascido em Roma e canonizado por Pio XII. Afirmava com vigor: “A devoção ao Preciosíssimo Sangue será o meio mais seguro para chegar ao amor de Jesus Cristo”.

O Papa João XXIII escreveu a Carta Apostólica “Inde a Primis”, sobre o preciosíssimo Sangue de Cristo, a fim de promover o seu culto: “se infinito é o valor do Sangue do Homem-Deus, e se infinita foi à caridade que o impeliu a derramá-lo desde o oitavo dia do seu nascimento, e depois, com superabundância, na agonia do horto (cf. Lc 22,43), na flagelação e na coroação de espinhos, na subida ao Calvário e na crucifixão, e, enfim, da ampla ferida do seu lado, como símbolo desse mesmo Sangue divino que corre em todos os sacramentos da Igreja, não só é conveniente, mas é também sumamente justo que a ele sejam tributadas homenagens de adoração e de amorosa gratidão por parte de todos os que foram regenerados nas suas ondas salutares”. O que foi lembrado pelo Santo João Paulo II em sua Carta Apostólica “Angelus Domini”, onde repetiu o que João XXIII disse sobre o valor infinito do Sangue de Cristo, do qual “uma só gota pode salvar o mundo inteiro de qualquer culpa”.

Hoje esse Sangue redentor de Cristo está à nossa disposição de muitas maneiras. Em primeiro lugar pela fé; somos justificados por esse Sangue ensina S. Paulo: “Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Portanto, muito mais agora, que estamos justificados pelo seu Sangue, seremos por ele salvos da ira”. (Rm 5, 8-9). Este Sangue redentor está à nossa disposição também no Sacramento da Confissão; pelo ministério da Igreja e dos sacerdotes o Cristo nos perdoa dos pecados e lava a nossa alma com o seu precioso Sangue. O Sangue de Cristo perdoa os nossos pecados na Confissão e cura as nossas enfermidades espirituais e psicológicas. Este Sangue está presente na Eucaristia: Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus. “O cálice de bênção, que benzemos, não é a comunhão do sangue de Cristo? E o pão, que partimos, não é a comunhão do corpo de Cristo?”. (1Cor 10,16).

É pela força do sangue de Cristo que os santos e os mártires deram testemunho de sua fé e chegaram ao céu: “Meu Senhor, tu o sabes. E ele me disse: Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro”. (Ap 7,14). É pelo Sangue derramado que Ele venceu e se tornou Rei e Senhor: “Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome é Verbo de Deus… Um nome está escrito sobre o seu manto: Rei dos reis e Senhor dos Senhores”. (Ap 19,13-16).

Assim como ensinou são João Crisostomo: “entras no coro dos anjos, seja companheiro dos arcanjos e cantas junto dos serafins […]. Não fazes oração aos homens, mas a Deus”. Por isso, pela fé oremos: “Oh! Sangue e Água, que brotastes do Coração de Jesus como fonte de Misericórdia para nós, eu confio em Vós!”.

Forte abraço,

Pe. Ronaldo Francisco Aguarelli

Pároco

Deixe o seu comentário





* campos obrigatórios.